Sonho de menino inesperadamente realizado aos 52 anos de idade

Este foi um episódio extraordinário na minha vida, proporcionado por meu especial amigo Ataualpa Catalán, de maneira que rendeu a matéria a seguir, que foi publicada em 12/07/2007 no Pescaki e, pela sorte que tenho de ter especiais amigos sempre engajados na Pesca Esportiva e coisas do Meio Ambiente, acabou rendendo muitos comentários de aprovação. Nada mais justo então que a traga a matéria para aqui para preservá-la.

Com fotos dos Irmãos Bomediano

Para os de minha geração, não há como esquecer a voz empostada de Heron Domingues ao anunciar: “Aqui fala o Repórrrrterrr Esso, testemunha ocularrrr da história”! Ainda que a comparação possa vir a ofender os brios dos fãs daquele maravilhoso jornal de televisão, sua audiência, guardadas as proporções populacionais, comparava-se com grande chance de superá-la, à do atual Jornal Nacional.

Mas, porquê, agora, em um fórum de pesca, venho falar nestas saudosas épocas e de um jornal que nem existe mais? Simplesmente porque foi na voz do Grande Heron Domingues, no afamado jornal, que em tenra idade ouvi pela primeira vez algo relacionado ao Xingu e seus heróis, índios e brancos, dentre estes, os lendários Irmãos Villas Bôas.

Assim, vez ou outra vinham notícias daquela região, notícias estas, que me acariciavam os ouvidos, de maneira a parecer que algo mágico havia no Xingu que me causava tanta ilusão, a ponto de não raro, menino sonhador, ousar imaginar-me um dia, pisando o sagrado chão xinguano, de preferência numa aldeia indígena.

Com o tempo, ao entrar na adolescência e estando em melhor condição para compreender aquilo tudo, descobri que a saga dos afamados irmãos começou em 1943, quando souberam que o governo estava montando uma expedição com o fim de desbravar parte da enorme área ainda não mapeada do Brasil Central, implantando núcleos populacionais durante sua passagem.

Tal expedição foi denominada de Expedição Roncador-Xingu, partindo de Barra do Garças, que foi sua primeira base. Uma vez nela engajados, deram início à própria saga, os formidáveis Irmãos Villas Boas, não sem agregar ao grupo, algumas pessoas, muito embora anônimas como eles próprios, das mais distintas e corajosas de nosso país.

E foi assim que estes três irmãos conseguiram gravar de maneira indelével seu nome na parte boa, louvável, da história de nosso País. Foram adeptos da idéia de que, diante da necessidade de se interferir na vida de seres tão especiais como os índios, deveriam fazê-lo com o máximo cuidado e respeito, de maneira que durante as expedições, a ordem era para que nenhum tiro fosse dado, ainda que sob ataque. E isso foi muito bem conduzido por Orlando. Se por um lado os índios brasileiros sofreram com a chegada do branco, por outro lado, este sofrimento foi muito menor do que poderia ter sido se a campanha não estivesse sob o comando de gente tão especial quanto os Villas Bôas.

Foi então, a partir da idéia destes homens, que foi criado o Parque Nacional Indígena do Xingu, em 1961 (eu estava à época com 6 anos de idade), cujo nome atual é Parque Indígena do Xingu, com área aproximada de 2.800.000 ha, onde ficaram preservadas catorze etnias indígenas englobando cerca de 5.500 índios.

Portanto, quando comecei a acompanhar o assunto, o Parque já estava implantado, mas nem por isso deixei de sentir-me presente ao ler entrevistas e relatos de Orlando e Cláudio em jornais e programas de televisão, relatando os acontecimentos e percalços pelos quais tiveram de passar desde os primeiros passos da expedição até a conclusão da idéia de criação do Parque.

Sabedor de que muito difícil seria conhecer pessoalmente a uma aldeia indígena do Xingu em sua essência (não me interessava uma visita turística, isso, não!), acabei conformado, mas não esperava que um dia o destino me colocasse diante de um especial amigo que viria isso me proporcionar.

Ano passado estivemos pescando no rio Xingu, hospedados no Rancho Xingu, sob a impecável direção de nosso amigo Atá. Durante minha estadia por lá, soube que houve uma expedição de alguns pescadores até a aldeia Kuikuro, mas não me atrevi a demonstrar interesse vez que sabia que isso poderia ser complicado e poderia estar trazendo alguma dificuldade para Atá.

Diante desta minha observação em um relato aqui nos fóruns de pesca, Atá me disse que se eu tivesse comentado com ele, teria conhecido a aldeia naquele mesmo dia. Mais que isso, espontânea e diligentemente, comprometeu-se a levar-me à aldeia, o que muito me impressionou.

E não é que o danado fez mesmo isso? Há uns seis meses avisou-me desta nossa viagem para o Rancho Xingu e que se eu fosse seria quando me faria chegar à aldeia. Achando que isso poderia ser un tanto trabalhoso agradeci a oferta, dizendo para que ele não se preocupasse com isso, mas abnegado que é, não deixou-me opção: “Bomediano, você vai à aldeia Kuikuro!

Com isso, partimos para uma viagem de uma semana, que envolvia pesca, mas que para este servidor, foi mesmo de aperfeiçoamento espiritual.

O rio Xingu e seus formadores têm um aspecto único, com mata ciliar muito bonita e impressionante. As margens são, ora guardadas por matas de transição e de galeria, ora guardadas por belíssima vegetação de cerrado. São rios que proporcionam pescarias memoráveis, sempre prazerosas e não decepcionam aos que suas águas navegam.

No Xingu, a vida explode! Uma hora, oferece um peixe, outra hora, oferece curiosas imagens de animais. Quando não se vislumbra nada mais de especial, vem aos nossos sentidos suave e distinto perfume de flores e se as vemos somos agraciados com um show de cores. E se não vem um determinado perfume, outro comparece; e se estes se ausentam, vêm imagens de grandes e maravilhosos jatobás e cambarás. Se então em uma situação inesperada, nada disso ocorre, cuida a Diligente Mãe Natureza Xinguana de criar algum fato novo, sempre distinto, como por exemplo fazendo passar à nossa frente, algumas araras ou outras aves. Ah, mas que lugar especial!

Eis porque não há monotonia naquelas paragens:

A gratificante imagem de um jatobáHymanaea stilbocarpa.

ZyOPqph.jpg

Pela manhã o rio se cobre de neblina por conta do frio que faz, mas algumas horas depois, o calor já é de matar!

tGZ3fGI.jpg

A fauna é de espetáculo. Aqui, um lagarto sinimbu ou iguana – Iguana iguana.

g4iSCfJ.jpg

Uma família de ariranhas na porta de sua toca

LDw3kjX.jpg

Um macaco-prego num jatobá

6nHRO5G.jpg

Jacarés não faltam

rhhutcm.jpg

Umas paisagens mais do rio Kuluene, Sete de Setembro e Xingu

fcuBhdb.jpg
KQkee2J.jpg

Na pescaria, sacamos todos, muitos peixes: tucunarés, bicudas, cachorras cacharas, jurupenséns, jurupocas, corvinas, matrinxãs, piranhas e outros mais. Não juntarei todas as fotos porque são muitas, mesmo, de muitos peixes, sobretudo de tucunarés! Mario, meu irmão, teve sua isca enroscada em um grande poraquê, de maneira que retiramos o anzol com muito cuidado. Creio que com estas fotos conseguirei expressar melhor o que passamos:

Alguns dos muitos Tucunas capturados

6CfSU7d.jpg
77LUSBm.jpg
7bmigDy.jpg
SvPN0fn.jpg
Dj9BtnV.jpg

Outros peixes

8UzeJj3.jpg
0nHUyYa.jpg
PW6esTb.jpg
wlsXXk7.jpg
8RIl845.jpg
R3rp7HH.jpg

Nosso guia, Pedro, Grande Caboclo!

ilWSR5C.jpg

E foi durante a pescaria na tarde da segunda-feira que vimos aproximar-se de nós um barco trazendo D. Zuleika, esposa de Atá. Pela especial pessoa que é, somente sua presença já nos trazia um gosto, mas ela ainda portava a notícia de que no dia seguinte iríamos à aldeia! O coração levou um impacto, de maneira que andou batendo irregularmente a ponto de fazer-se sentir alguma arritmia. E foi assim que recebi aquela notícia! E foi também com olhos encharcados que agradeci, percebendo que a hora se aproximava… Ô caipira danado de besta! Desgramado de coração mole! A única coisa que não estava perfeita é que o Grande Atá não nos acompanharia. Quem me levaria até lá seria o Grande Oscar, não menos diligente que o primeiro!

A noite foi das mais longas que passei em minha vida! Maldição de relógio que insistia em demorar mais que o normal para fazer a contagem do tempo. Mas inexorável, o tempo passa e, ainda que a noite possa ter parecido uma eternidade, chegara a hora!

Partimos bem cedo para tentar ver alguns animais nas vastas pastagens naturais das terras xinguanas. Uma coisa que muito me impressionou foi saber que nosso amigo Atá preferiu deixar suas terras da mesma maneira que sempre estiveram, ou seja, estão preservadas. Desta maneira, dentro da área podem ser avistadas grandes planícies com pastagens naturais, de vários tons de cores, áreas de cerrado denso e de matas de transição, com imensos buritizais nas áreas alagadas. Um ecosistema perfeitamente integrado.

No caminho uma majestosa concentração de buritis (Mauritia vinifera)

YZ9be4c.jpg

As grandes planícies de pastagem nativa da região do Xingu

dCu7bm9.jpg

Vimos também alguns animais como estes

zClCTWH.jpg
E1MlfIK.jpg

Chegamos à primeira aldeia, chamada Paraíso e que está ainda em implantação, cujas características diferem um pouco das originais, mas se por um lado estas características interferissem na imagem das casas, por outro lado, nada retirava das pessoas suas características índias, de maneira que ao chegarmos já se podia notar ali, a hospitalidade dos índios. Confesso que neste momento senti algo de desapontamento, pois a imagem além de não corresponder à esperada, não era também agradável. Longe de assemelhar-se a uma aldeia indígena, parecia mais um assentamento de pessoas sem-terra, muito desorganizada, aparentando muito pobre. Mas para compensar, as especiais pessoas que ali vivem contribuiram sobremaneira para afastar de vez esta primeira má impressão.

Os índios se aproximam

ynG8V5a.jpg

Uma indiazinha muito bonita com nome de branca: Mariana.

sE1Xhp8.jpg

A memória me trai, mas creio que esta linda menida seja Irmã de Mariana

5O3Moyx.jpg

Um garoto com bastante intimidade com a máquina fotográfica. Ao fundo, meu amigo Carlos Alberto Santoro

GZZlDSe.jpg

Com Ausuki, um índio bastante atencioso, com o qual já havíamos conversado na pousada.

PaDuB5U.jpg

Importando-me menos com fotografias e centrando-me mais na obtenção de conhecimento, indaguei sobre alguns costumes e perguntei se tinham milho índio para que me arrumassem algumas sementes. Prontamente, uma índia, Kahalá, correu buscar uma espiga oferecendo-me com viva alegria nos olhos. Aproveitei então, para saber mais sobre ela. Casada com Nahum, terceiro cacique da aldeia em implantação, vive ali com sua irmã, Anaí e são filhas do Cacique Yacalo, da Aldeia Kuikuro, que iríamos visitar.

Pediu-me Kahalá que portasse um recado a seu pai, dizendo que estava tudo bem com ela e a irmã.

A estrada apresentava trechos, que embora acidentados como este, não ofereceram maiores entraves que o devido cuidado na passagem

df664ZL.jpg

Partindo da aldeia Paraíso, após mais uma hora de viagem chegamos à Aldeia Kuikuro. Logo ao entrar na pista de pouso, este incomparável amigo, Oscar me avisava para preparar o coração pela imagem que iria ver. Ah, mas já era tarde! O desgramado do coração já batia todo errado de novo! A fala recusava a sair e quando saía, falseava! E foi com tremedeira que adentrei a aldeia, sem nenhuma vergonha de sentir lágrimas brotarem dos olhos. Afinal, aquele menino, agora com 52 anos de idade, realizara seu sonho! E foi com um abraço que agradeci a Oscar, pois ele, conjuntamente com Atá, é que me proporcionaram aquilo tudo!

Índios apareciam de todos os lados, sempre com o corpo muito bem decorado com tinta extraída de urucum e jenipapo, com um colorido excepcional. Primeiro precisei passar por um período de adaptação e assimilação da enorme quantidade de informação visual que meu cérebro tinha de processar, o que levou alguns minutos. Crianças “brotaram” de todos os sítios! Que rostinhos lindos tinham!

PRkDmlH.jpg

As ocas são enormes! Apesar de já as conhecer de vídeos e filmes documentários, jamais imaginei que fossem tão gigantescas!

wDid65Y.jpg
gXAcmax.jpg
PXrFchE.jpg

O engenhoso sistema de construção é surpreendente! Não usam nada do homem branco, senão apenas amarrações nas madeiras.

LR34JEl.jpg

Logo em seguida, vimo-nos seguindo Yacalo que nos ciceroneava pela aldeia fornecendo informações genéricas. Levou-nos a uma casa de alvenaria – a única da aldeia – que servirá de sede para uma ONG que estão criando eles próprios. Ali, fez-nos uma interessante palestra audio-visual, que muito ajudou a compreender a situação dos Kuikuros no momento. Aproveitei para conversar mais detalhadamente com os dois índios professores da aldeia, recebendo com muito gosto a notícia que, apesar de levar ensinamentos como matemática e língua portuguesa aos indiozinhos, levam também a cultura ancestral, com ensinamentos da lingua Kuikuro transcrita para a grafia que conhecemos e das tradições da aldeia.

Depois disso, ficamos livres para andar pela aldeia, mas novamente centrando minha presença em obter informações, passei a conversar com Yacalo, cuidando, primeiro de desfazer-me do recado que portava. Contente com as notícias da filhas, agradeceu-me pela informação e convidou-nos a adentrar sua oca. Recebeu-nos em sua casa, como se estivéssemos em nossas próprias!

73UdXAX.jpg

Enquanto os demais saíram para ver a festa, permaneci sentado, conversando com o impressionante cacique por umas duas horas seguidas, quando aproveitei para retirar todas as informações possíveis sobre a vida índia. Uma coisa maravilhosa! Yacalo, ao contrário da impressão que as fotos possam causar é um homem de inigualável simpatia e educação. Em verdade, o que pude perceber é que os índios são gente especialíssima, sem par! Quisera eu ter a metade de presença de espírito que tem um índio! Mas, enfim, também deixei algumas recomendações muito especiais, sobre como os índios devem levar seu contato com os brancos e desta interação não restarem tão prejudicados. Ele apreciou bastante minhas ideias e eu resultei bastante feliz por ter podido deixar um pouquinho de contribuição para eles.

bIqzrG2.jpg

Sempre guardarei esta especial foto como recordação pela alegria com que nos conhecemos, Yacalo e este servidor.

Enquanto conversávamos, as duas mulheres do Cacique preparavam comida, especialmente beiju e peixe assado. Aqui, Agahuvuru, uma delas, mãe de Kahala (da Aldeia Paraíso), preparando a mandioca enquanto a tapioca já pronta assava no fogo.

j93b8sh.jpg

Ao lado dela, Ao mesmo tempo, Arifuá, a segunda mulher de Yacalo, preparava peixes para nosso almoço e ao mesmo tempo também preparava a mandioca para refeições futuras.

6MIr71n.jpg

Enquanto conversávamos a oca foi se enchendo de gente, uns a ouvir-nos, outros simplesmente para nos observar.

6hL5iba.jpg

Índias e seus filhos se aproximavam

HxSZpMP.jpg
5SjfvBL.jpg

Outras simplesmente continuavam sua tarefa diária, mas sempre de ouvidos atentos.

FK6gw5O.jpg

Enquanto turma se atentava em nossa conversa, outra turma se entendia com meus amigos, dentre eles, Betinho, que também muito apreciou a possibilidade de conhecer aquela gente sensacional. 

V34SGDm.jpg
54CxExo.jpg

Com a chegada de mais alguns companheiros que andaram fotografando a dança, almoçamos peixe e beiju. Ainda que esta refeição fuja totalmente dos padrões de nossa alimentação usual, comida é coisa sagrada e não pode ser recusada, de maneira que fartamo-nos, principalmente de beiju, que é algo simplesmente delicioso. E com este almoço, senti-me um pouquinho índio!

Lá fora, a festa já corria solta, mas eu acabei praticamente sem fotos, já que fiquei conversando com Yakalo e Família:

DtREyab.jpg
12274272_535021519985564_447945669975441

Esta linda indiazinha surpreendeu-me olhando fixamente para a câmera, de maneira a render-me uma das melhores fotos

u55a80j.jpg

Esta outra, simplesmente linda, estava pronta para a festa

sW2KPY0.jpg
006kcjk.jpg

Yacalo mostrando uma foto onde se pode ver seu falecido pai e a sua mulher, Agahuvuru, ainda jovem. Vejam o colar que leva ao pescoço, feito de unhas de onças. Este colar é de uso restrito do Cacique!

OeWXxTN.jpg

Como tudo que é bom dura pouco, chegou a hora da partida, mas como se não bastasse tudo o que aqui relatei, este dia ainda me reservava um mágico momento mais!

Na volta, quando paramos novamente na Aldeia Paraíso, novamente os índios juntaram-se a nós e dentre todos, ouvi chamarem meu nome! Tratava-se Kahalá, filha de Yacalo de quem portei a mensagem para o pai. Vinha acompanhada da irmã Anaí e do marido, Nahum. Disse-lhe que havia passado seu recado para Yacalo e que dela ele falou que gosta muito! Com um belíssimo sorriso pediu-me para aguardar, saindo às pressas para buscar algo em sua casa. E com o mesmo sorriso, retornou trazendo-me uma esteira de presente! Ainda que tentasse disfarçar, este danado deste coração andou falhando novamente e foi com os olhos rasos d’água que lhe agradeci dizendo que nada tinha naquele momento para retribuir, mas perguntei se poderia dar-lhe um abraço e um beijo, sem sequer pensar se isso poderia vir a ser um problema, afinal de contas eu não conhecia aquela gente, de maneira que com isso, arrisquei-me a arrumar uma bruta encrenca. Mas que coisa mais bela é o espírito humano, que nos permite reconhecer manifestações sinceras de emoção, não importando muito se somos índios, brancos, pobres, ricos, reis, religiosos, escritores, etc., pois ela… aceitou! E ao dar-lhe um abraço e um beijo fui retribuído, além de receber também um abraço do marido! Aquilo foi simplesmente sensacional! Até agora me emociono ao escrever!

Saí de lá convicto de que os índios são as pessoas mais estupendas que o Universo me proporcionou a chance de conhecer. Já sinto saudades daquela gente tão especial! Deus meu! Pudera eu ter uma pontinha de conhecimento que têm eles sobre a vida e o espírito humano e meu coração estaria mil vezes mais feliz!

Bem, este dia foi um dos melhores de minha vida! Agora posso dizer que entre os índios tenho alguns novos amigos, muito, muito especiais. Ficamos acertados de nos encontrarmos quando virem para São Paulo em 2008.

Depois deste dia seguimos pescando por mais três dias, mas então, nada mais poderia superar a overdose de emoção que me proporcionou a visita aos índios! Creio que posso dizer o mesmo em nome de meu fantástico irmão Mario, cujo coração também andou “falhando” na aldeia!

No sábado de manhã prestei minha homenagem aos rios xinguanos fazendo um agradecimento na barranca do Kuluene, no Rancho Xingu, pedindo ao Universo para preservar aquilo tudo e sua gente maravilhosa. Colhi mais um pouquinho de terra para minha coleção e despedi-me do lugar.

0oekGw4.jpg

Terminada a jornada, veio a hora de voltar para casa, voltando com espírito renovado, um pouco índio e gratificantemente menos “civilizado”.

skbrxD3.jpg
SoTbQYI.jpg
cn2IfWC.jpg

Bom, amigos, agradeço a todos que tiveram paciência de ler até aqui.

A todos do grupo que me acompanharam na viagem, meus sinceros agradecimentos, sem deixar de dizer que a mim me encantaram pela tremenda capacidade de boníssima convivência pela qual passamos.

Contudo, restam duas homenagens.

Por mais que escreva não conseguirei fazer justiça a um merecimento. No entanto, tentarei! Devo então, muito, mas muito mesmo, agradecer a este homem:

P4R93q1.jpg

Atahualpa Catalán, o Grande Atá, por tudo que se empenhou para fazer com que minha visita aos índios se transformasse de um simples sonho de um menino em uma verdadeira aventura de um pescador cinquentão!

Muito Grato, Grande Atá, amigo meu! Que você e sua família estejam sempre muito abençoados, porque o que você faz por teus amigos e o que fez por mim não tem preço.

Outro caboclo a quem fiquei muito devendo, foi meu amigo Oscar! Muito grato Grande Oscar, que foi o “encarregado” de nos levar, a mim e meu irmão, até aquele paraíso e que soube muito bem assimilar o que se passava em meu peito naquele dia.

Valeu, Grande Oscar!

Espero que gostem da matéria, pessoal!

Bome

Para me seguir nas redes sociais e ficar por dentro de novas publicações, basta clicar nos links abaixo:
Facebook
Instagram
Twiter

© Todos os direitos reservados sobre texto e fotos! Proibida a reprodução, porém permitido compartilhamento da matéria/texto em sua íntegra, sem edição, através unicamente das ferramentas (vide botões abaixo) do Blog!

Se gostou, por favor, compartilhe clicando nos botões de compartilhamento logo mais abaixo:

16 comentários em “Sonho de menino inesperadamente realizado aos 52 anos de idade

  1. Muito, mas muito obrigado mesmo Grande Bome, por nos relatar até com mais detalhes esta matéria publicada outrora no Pescaki, é impossível acrescentar palavras que descrevam toda a emoção, que relatem com a riqueza de sentimentos simplesmente já feita de maneira tão natural e espontânea pela vossa nobre pessoa, muito diferente das reportagens televisivas feita exclusivamente com fins exploratórios financeiros e cheios de maquilagem, que igualmente também eu , assim como tu, pouco dimensionava na grandeza das nossas raízes pelo que se noticiavam…ah! saudades do repórter Esso , muito legal essa recordação. Show de matéria, merece prêmio entre as melhores reportagens anuais que ocorre no meio publicitário.

    Curtido por 1 pessoa

      1. Bome creio saber a razão de momentaneamente ser Anônimo: – fiz um cadastro no site WordPress para poder acessar o blog, todavia o site puxou os dois e-mail nas conta da Microsoft – negodesenzala e meninodoriopiscoso, ora entra um ora o outro, mesmo que eu faça o login automático no preenchimento ao publicar o comentário. o e-mail mais ativo é o negodesenzala….isto não é problema, o importante é participar. Abraços meu amigo.

        Curtido por 1 pessoa

  2. Boa tarde, Sr Domingos!!!!

    Se eu fiquei muito emocionado lendo esse seu relato sobre esta viagem, consigo imaginar o Sr como ficou ao ter o privilégio de conhecer uma Aldeia no Xingu.
    Olhando os homens, é de admirar a estrutura corporal de cada, dá para perceber como se trata de pessoas muito fortes, porém, como o Sr relata, são de extrema gentileza.
    Lendo o seu texto, sentindo a emoção que o Sr passou estando ali, não pude deixar de me lembrar de Charles Darwin e de Alfred Russel Walace. Esses dois naturalistas estiveram no Brasil quase na mesma época e passaram por locais diferentes: Darwin mais para o sul e Walace na Amazônia. Os dois, por caminhos distintos, chegaram as mesma conclusões, que é a Teoria da Evolução e Darwin só a publicou “A Origem das Espécies” porque recebeu uma carta de Walace, que estava lá pelos lados de Sumatra, perguntando o que Darwin achava sobre os argumentos e idéias que ele tinha para um livro e seguiam-se mais de 20 páginas sobre as conclusões de Walace. Darwin correu para publicar seus manuscritos visto que, ele próprio disse que Walace não poderia ter feito melhor resumo de sua Teoria da Evolução das Espécies se tivesse tido acesso aos manuscritos…..na verdade o que eu quero dizer é o seguinte: Walace quando esteve em contato com os Índios na Amazônia ficou maravilhado, encantado com tudo o que viu e aprendeu e se preocupou com o futuro dessas pessoas, com a possibilidade de perderem suas tradições e cultura (igual ao Sr).
    Já Darwin achou que o melhor que se poderia fazer por elas era catequizá-las e humaniza-las para que pudessem ser felizes…..muito triste….isso está no livro “A Escalada do Homem” de Jacob Bronowski.

    Linda demais sua matéria!

    Forte abraço!!!!

    Curtido por 2 pessoas

    1. Grande Luciano, me alegra teu comentário e também por ter te levado ao comentário sobre os dois Mestres Pesquisadores. Os índios vêm bastante prejudicados em tudo, tão prejudicados que hoje é preciso com urgência, cuidarmos de trazê-los para a sociedade (não é retirá-los das aldeias, eh!), sem no entanto modificar sua cultura e religião, preservando tudo o que for possível. Devem seguir nas aldeias, mas não podemos deixar que restem apenas como produtores de artigos de souvenir, artesanatos de colares e pulseirinhas, mas sim, que estejam integrando a cadeia produtora e usufruindo de sua produção nos mesmos moldes dos homens brancos para também usufruírem das benesses que isso proporciona. Índio gosta de tênis, roupa, notebook, celular e internet. Não podem mais viverem isolados como se fossem artigos de museus. Como isso será feito eu ainda não sei, mas já há alguma movimentação neste sentido, quando algumas aldeias se deixam perceber produtoras agropecuárias de porte. É preciso que isso evolua, sem máculas ao meio ambiente, usando apenas as áreas já desmatadas dentro das terras indígenas e até onde sei é o que vem acontecendo. Melhor será se isso for bem conduzido, sem presença de famigeradas ONGS nas aldeias, mas sim, com supervisão séria e equilibrada dos órgãos públicos responsáveis.

      Curtido por 1 pessoa

      1. Pois é, meu Amigo.
        Eu fico muito triste vendo um Índio de relógio, tênis, celular e etc e, vez ou outra, se fantasiam de nativos para serem fotografados por turistas……
        Claro, o progresso tecnológico existe e está disponível, mas a que preço?
        Minha Bisavó, Dona Mariana, analfabeta de Pai e Mãe, porém, foi a pessoa mais sábia e inteligente com quem eu tive o prazer de conversar, dizia o seguinte: ” Para acabar com um povo não é necessário dar nenhum tiro. Basta acabar com a sua cultura, com sua religião e trocar língua falada. Esse Povo deixa de existir”
        Com relação as ONG’s, isso teria que ser banido. Um Amigo meu, que é do Rotary, visitou aldeia na Amazônia, muito, mas muito longe da civilização, e tiveram que pedir licença para o pessoal da ONG que lá estava, e eram alemães……nenhum Índio falava Português…..só a língua nativa e Alemão……isso não pode acontecer em hipótese alguma: “Ter que pedir licença para estrangeiros para circular pelo Brasil e ninguém no lugar saber falar Português além da língua nativa mas todos saberem falar a língua dos estrangeiros”.

        Cenário triste demais….

        Curtido por 1 pessoa

      2. Grande Luciano,

        Temos pensamento mais ou menos igual e, por muito tempo eu tinha a ideia de que índio não poderia usar tênis, nem celular, nem roupas do branco, mas com o tempo chequei à conclusão de que, infelizmente, para que os índios não restem isolados no esquecimento e na miséria, é preciso haver alguma integração e que possam desfrutar dos recursos de suas terras a ponto de poderem ter melhoria de vida. Este foi um dos assuntos que conversamos, eu e o Cacique naquele dia. Uma das coisas que eu lhe disse foi que nunca, jamais, adotassem o Deus do branco, pois eles já têm o seu e é sob uma forma pura de crença, não afetada pelos diversos interesses e dogmas que costumam desvirtuar a fé pura, que praticamente não existe no branco. Obviamente que há muita gente que pensa diferente e eu até respeito, mas no meu pensamento, eles devem integrar-se, mas sem adotar religiões dos brancos.

        Sobre as ONGs, isso é ainda pior e devem ser banidas das aldeias, mas isso só se conseguirá após o resultado de uma nova política de auto suficiência das aldeias, o que só vai ser possível depois que puderem desfrutar dos recursos de suas terras e não mais venham depender das migalhas que estas entidades oferecem em troca de valioso acervo cultural, mineral, botânico e sabe-se lá mais o que que estejam levando das aldeias.

        Forte abraço

        Curtir

  3. Lembro bem da publicação original no Pescaki! Fabulosa matéria, digna de qualquer publicação séria sobre pesca esportiva ou qualquer assunto ligado ao meio ambiente. Alegra ainda rever e ler os nomes de pessoas ímpares como o Atá, Oscar e a Zuleika, todos de coração enorme e extrema empatia com o próximo. Linda matéria, meu amigo!

    Curtido por 1 pessoa

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s

%d blogueiros gostam disto: